sábado, 14 de abril de 2012

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880) - Machado de Assis


Memórias Póstumas de Brás Cubas representou para a literatura brasileira um papel fundamental, visto que, juntamente com "O Mulato", de Aluísio Azevedo, inaugurou o movimento Realista no Brasil. Além disso, também representa um divisor de águas para Machado de Assis, pois representa a transição dos seus livros de caráter Romântico para os seus livros de caráter Realista.


A História



O livro é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Brás Cubas, que se considera um "defunto-autor", já que, após a sua morte decide contar a história da sua vida. Ele também destaca o fato de ser "defunto-autor" em vez de ser "autor-defunto", pois o último, a seu ver, seria um escritor de renome que morreu.

Ele começa dedicando o livro aos vermes: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas". Curiosamente, após essa breve "dedicatória", Brás Cubas resolve começar contando a história a partir da sua morte, descrevendo seu funeral, a causa da morte, narra sobre a criação do "Emplasto Brás Cubas", e os momentos anteriores à sua morte
Após isso, ele remete à sua infância, época em que maltratava seus escravos e se tornava amigo de Quincas Borbas, e se tornava um garoto mimado. Depois disso conta sobre o final de sua adolescência, quando conhece Marcela, uma prostituta de luxo (embora esse termo não seja citado no livro) que, segundo ele, o amou durante "Quinze meses e onze contos de réis". 
Seu pai, vendo que o filho estava se afundando e junto consigo a sua família, em dívidas com Marcela, decide mandá-lo para a Universidade de Coimbra, como estudante de Direito. No entanto, após ganhar o diploma, mesmo tendo levado uma vida boêmia e sem responsabilidade, Brás Cubas retorna ao Brasil, sem nenhuma alteração de caráter. É provável que, com isso, Machado de Assis estivesse fazendo uma crítica aos profissionais, que até hoje, embora tenham um diploma na mão, são incapazes de fazer a sua função corretamente.
É nessa volta para o Brasil que ele conhece Virgília, que se torna o grande amor da sua vida. No entanto, ela acaba se casando com Lobo Neves, que ganha também a vaga de deputado que Brás Cubas almejava.
Embora no livro haja outras situações além dessas, como relacionamentos anteriores de Brás Cubas, os encontros escondidos com Virgília e o reencontro com Quincas Borba, que cria a teoria humanitista, fazendo uma junção de darwinismo com borbismo, dizendo ele "Aos vencedores, as batatas", as situações acima citadas são de mais destaque no livro.
No fim do livro, Brás Cubas começa a ver todas as pessoas que fizeram parte de sua vida falecendo, com exceção de Virgília. Assim, desiludido com a vida, tenta a criação de um emplasto, o "Emplasto Brás Cubas", que tinha como objetivo a cura de todas as doenças. No entanto, logo depois ele pega uma pneumonia que acaba sendo fatal. No seu leito de morte, há a presença de alguns familiares e de Virgília com seu filho.
No último capítulo, nas palavras de Brás Cubas "Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.". Nesse capítulo, podemos notar o extremo pessimismo do livro, o que remete ao Realismo.


Nota: Dona Plácida, acima citada, era a responsável pelos encontros escondidos entre Brás Cubas e Virgília.




Comentários: 


-Embora o livro tenha representado o início da escola Realista no Brasil, ele apresenta alguns aspectos Românticos, como nos relacionamentos de Brás Cubas, principalmente com Virgília.
-O livro em si apenas foi lançado em 1881, pois em 1880 ele foi publicado como folhetim entre Março e Dezembro.
-O livro teve três adaptações cinematográficas, sendo que a de 2001, com Reginaldo Faria, tenha sido considerada a mais fiel à obra.
-O livro foi uma grande fonte de análise de filósofos e sociólogos, pelas referências ao cientificismo, positivismo, escravidão.

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Saraiva
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Lojas Americanas 

Um comentário:

  1. Memórias Postumas é muito chato, pode ser que eu não tenha o nível intelectual para le-lo, mais não deu mesmo, cheguei apenas a 20 folhas, depois disso fui ler Vidas secas de Gaciliano Ramos e não tive nehuma dificuldade. Enfim, boring
    www.leituradeouro.blogspot.com

    ResponderExcluir